Deputado Serguei
De como um espermatozóide checheno muito espertinho tornou-se amigo da elite nacional
Quando ele ainda poderia ser milhares de pessoas, isto é, era apenas um entre tantos espermatozóides, na louca busca do Grande Óvulo, o pequeno Serguei, mesmo desprovido de seus genes maternos, já mostrava ao mundo sua rara habilidade política. Sim, para que pudesse desabrochar e vir ao mundo de tequilas e chavascas, Serguei promoveu a primeira distribuição de cargos intra-uterinos da história e foi eleito o fecundador daquela ejaculação por um tranquilo acordo de lideranças.
Nove meses depois sua mãe gritava: “Aaaaaarghhhh, eu acho que vou ter um troço!”, e expulsava das tripas o pequeno Serguei. A década de 50 corria quente, apesar do inverno gelado no que um dia viria a ser a Chechênia. E assim, Serguei chegou com um copo vazio na mão, mudo e com os olhos esbugalhados, para espanto do médico. À tradicional palmada no bumbum, seguiu-se o maior arroto de menor já ouvido no Mar Báltico. Serguei exteriorizava seu primeiro pifão.
Até os 14 anos de idade, Serguei foi uma criança normal – a não ser pelo fato de recusar a largar as tetas da mãe (ou qualquer outro par que aparecesse à sua frente) dando um claro sinal de sua vocação para a atividade parlamentar. Serguei frequentou a escola de cadetes do Politburro onde se especializou em matemática do desfalque. Foi aprovado com nota máxima e seis meses após sua graduação a escola faliu. Não se sabe se este fato tem alguma relação com a chegada inesperada de Serguei em solo brasileiro e sua pronta aquisição de uma pequena casa de câmbio.
O fato é que Serguei, um boêmio boreal, um gentleman e um tremendo mão aberta para com representantes oficiais logo era nomeado deputado federal internacional. Foi agraciado com diversas comendas e ordens civis, militares e eclesiásticas, passou a namorar atrizes e esposas dos generais, trabalhava dois dias por semana, jogava bola com Pelé na Ponta da Praia e tirava um som com Dom e Ravel. Deputado Serguei era o cara. Mas um dia ele conheceu um marroquino, safo comerciante de testículos de camelo que tinha uma excelente idéia: Apolakhian Gregorius Hines III,e sua vida virou de cabeça para baixo.